Primeira Patente reconhecida pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) derivada de pesquisa desenvolvida no PPGQ UEPB

31 de março de 2023

UEPB conquista patente por biocoagulante orgânico nas áreas de Química, Ciência e Tecnologia Ambiental

A Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) obteve mais uma patente reconhecida pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), órgão federal vinculado ao Ministério da Economia. Foi concedida a patente para o “Biocoagulante a base de extrato de mimosa tenuiflora para tratamento de águas e efluentes industriais”, mais uma conferida a projetos vinculados aos Programas de Pós-graduação em Química (PPGQ) e a primeira em Ciência e Tecnologia Ambiental (PPGCTA).

A patente do biocoagulante está protocolada no INPI sob o nº BR 10 2017 013991 3. As idealizadoras do pedido de patente são as professoras Helvia Waleska Casullo de Araújo, do Departamento de Química e PPGQ; e Weruska Brasileiro Ferreira, do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental e PPGCTA; juntamente as estudantes Adriana Nunes dos Santos (PPGQ) e Bruna de Freitas Leite.

“É com muita alegria e satisfação que recebo esse deferimento tão esperado. A patente nasceu a partir de um projeto de mestrado sob minha orientação, com co-orientação da professora Weruska Brasileiro e desenvolvido pelas então discentes Adriana Nunes dos Santos, mestranda do PPGQ e Bruna de Freitas Leite, do Programa de Iniciação Científica (PIBIC) do curso de Química Industrial, ambas bolsistas do CNPq”, explicou a professora Helvia Waleska.

A docente explicou que a invenção diz respeito ao desenvolvimento de um biocoagulante à base de um extrato da casca da espécie mimosa tenuiflora, um vegetal bastante resistente à seca e abundante em todo o semiárido brasileiro, conhecida popularmente como jurema-preta e por ser grande fonte de taninos. Por ser biodegradável e de baixo impacto ambiental, o biocoagulante obtido nesta invenção é uma alternativa em substituição aos coagulantes inorgânicos existentes no mercado industrial a base de alumínio e sais de ferro – que geram lodo em grande quantidade e altos teores de metais, provocam doenças no sistema neurológico como o mal de Parkinson e Alzheimer – e de grande eficiência no tratamento de água e efluentes.

A pesquisadora acrescentou que um dos maiores problemas causados no tratamento de águas e efluentes está relacionado ao uso de coagulantes inorgânicos, responsáveis pela produção de lodo em grande quantidade e que apresenta toxicidade, causa grandes impactos ambientais e pode causar danos ao sistema neurológico – uma ameaça à saúde pública. Uma das soluções viáveis é o uso de coagulantes orgânicos (biocoagulantes) a base de taninos condensados que tem como características produzir lodo em menor quantidade, biodegradável e baixa toxicidade (livres de sais de alumínio e ferro), além de não adicionar cor ou alterar de forma significativa o pH inicial. Ademais, dispõe da vantagem de não necessitar de um agente alcalinizante.

De acordo com a professora, os taninos condensados são compostos polifenólicos, que estão distribuídos amplamente no reino vegetal, podendo ser encontrados em maior abundância na madeira e nas cascas das espécies vegetais. A equipe decidiu pesquisar uma planta que fosse bastante abundante na região Nordeste e resistente à seca. A espécie Mimosa tenuiflora, popularmente conhecida como jurema preta foi a escolhida para a pesquisa por estar dentro do que se procurava. “E assim, cresceu e aguçou a curiosidade e perspectiva de se ter um novo bioproduto em substituição a esses coagulantes inorgânicos como uma alternativa para tratamentos de água e efluentes industriais, um produto biodegradável e de baixo impacto ambiental, tendo como base o extrato da casca de uma planta que faz parte da nossa região”, relatou a professora Helvia.

Diante dos resultados promissores do biocoagulante extraído da casca da Mimosa tenuiflora que a esquipe encontrou, foi dada continuidade à pesquisa utilizando efluentes industriais contaminados com metais pesados. Os resultados geraram projetos de pesquisa, dissertação de mestrado do programa PPGQ, artigos, publicações e trabalhos de conclusão de curso (TCC). “Com o deferimento desta patente, espero contar com empresas parceiras que se interessem pelo produto para que possamos produzir, iniciar a comercialização em grande escala e colocá-las em prática nas estações de tratamento de água”, comentou a docente.

Texto: Juliana Rosas (matéria na íntegra: https://uepb.edu.br/uepb-conquista-patente-por-biocoagulante-organico-nas-areas-de-quimica-ciencia-e-tecnologia-ambiental/)