Workshop de Química Medicinal tem início com discussões tratamento da hiperalgesia induzida por opioides

25 de março de 2019

Com auditório lotado, foram inciadas, na manhã desta segunda-feira (25), no Departamento de Psicologia da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), em Campina Grande, as atividades do “1º. Workshop de Química Medicinal e Novos Sistemas de Liberação Controlada”, promovido pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas (PPGCF) da Instituição, um evento com foco no papel, desafios, produtos e perspectivas da Química Medicinal, disciplina que estuda as novas substâncias químicas em prol da melhoria da qualidade de vida da população.

Compuseram a mesa de abertura os professores Carlos Henrique Silva Gadelha, coordenador de pesquisa da UEPB, representando a Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa (PRPGP); professor Bolívar Ponciano Damasceno, coordenador do evento; Alessandra Teixeira, diretora do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS); e Ana Cláudia Dantas de Medeiros, coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas da UEPB.

De acordo com a professora Ana Cláudia, foram registradas mais de 200 inscrições, entre alunos de graduação, pós-graduação e profissionais da área de Saúde, uma grande procura que também marcou o início da internacionalização do Programa, através da vinda da professora francesa Martine Schmitt, responsável pela palestra de abertura do evento. “Provavelmente receberemos, em setembro deste ano, um professor da Irlanda, que participará de outro evento que promoveremos para consolidar a internacionalização do Programa”, acrescentou a professora, destacando as oportunidades de conexões com outras universidades ao redor do mundo.

O professor Ricardo Olímpio de Moura, integrante do corpo docente do PPGCF e orientando de Martine durante Doutorado na Université de Strasbourg, em 2009, intermediou a vinda da pesquisadora à Universidade. Ele explicou que os medicamentos desenvolvidos pelo grupo de Martine ainda estão em fase final de pesquisa, mas a patente já está pronta em colaboração com indústrias, que produzirão os fármacos.

Nesta vinda ao Brasil, Schmitt participou de um evento na Universidade de São Paulo (USP), na semana passada, e visitará a Universidade Federal de Alagoas (UFAL) daqui a duas semanas. “Já ficou a promessa de que, no próximo ano, se tivermos condições, trazê-la novamente para ministrar um curso para as pós-graduações nesta área de desenvolvimento em Química Medicinal e também em Química Verde – outra área que ela domina, dirigindo este conhecimento para uma realidade mais próxima à nossa”, explicou Ricardo Olímpio.

A programação do 1º Workshop de Química Medicinal segue até amanhã, com a oferta de palestras, mesas redondas, mini ursos e apresentação de trabalhos científicos desenvolvidos pelos alunos do PPGCF.

Tratamento da hiperalgesia

 

Responsável pela palestra “Design and synthesis of NPFF-R antagonists for the treatment of opioid-induced hyperalgesia” (Projeto e síntese de antagonistas de NPFF-R para o tratamento da hiperalgesia induzida por opioides), a professora Martine Schmitt apresentou suas pesquisas mais recentes, que giram em torno dos medicamentos utilizados no tratamento para dor crônica e dores em pós-cirúrgico. Segundo ela, nestas circunstâncias é dada morfina ao paciente, mas o efeito se degrada rapidamente, sendo necessária uma dosagem maior.

“No entanto, o uso contínuo da morfina ativa um sistema de inflamação e, em vez do paciente não sentir mais dor, passa a sentir uma ‘hiperalgesia’ (quando há sensibilidade excessiva à dor), sendo necessário um ‘antagonista’ para bloquear o efeito da hiperalgesia”, explicou a pesquisadora, que trabalha exatamente no desenvolvimento de medicamentos que atuem nesta via, diminuindo a dor forte enquanto a morfina funciona.

Martine Schimidt é pesquisadora associada no Laboratório de Inovação Terapêutica na Faculdade de Farmácia em Strasbourg – França e obteve seu certificado de PhD em Química Medicinal em 1988, mesmo período em que trabalhou em seu pós-doutorado no grupo de Sir Dereck Barton (químico britânico que recebeu o prêmio Nobel de Química em 1969), além de alcançar uma posição permanente no Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS), maior órgão público de pesquisa da França.

Como química orgânica, ela desenvolveu grande experiência em química heterocíclica para a síntese de novas estruturas, inovação em reações de acoplamento cruzado e desenvolvimento de abordagens de Química Verde Ecológica. Já na área de Química Medicinal, desenvolveu trabalhos direcionados para o tratamento de doenças, como disfunções do sistema nervoso central, dores, inflamações e doenças neurodegenerativas. Atualmente, a professora Martine Schmitt faz parte de 16 patentes internacionais e é coautora de mais de 100 publicações em revistas de alto fator de impacto.

Texto: Giuliana Rodrigues
Fotos: Giuliana Rodrigues e Thayse Araújo (Estagiária)

Link da matéria original no site da UEPB